O leite materno possui um importante papel na imunidade dos bebês, pois
contém células de defesa e fatores anti-infecciosos capazes de proteger o
organismo do recém-nascido. "As infecções comuns dos primeiros seis meses,
como a otite, afetam menos as crianças que são amamentadas", diz a
pediatra Natasha Slhessarenko, do Laboratório Pasteur, em Brasília.
Contato com a mãe
A
amamentação tem papel importante no sistema nervoso da mãe, diminuindo o
estresse. "Além disso, o contato com a mãe faz com que o bebê se sinta
mais seguro e tranquilo, evitando o choro e a ansiedade na criança", afirma
o obstetra e especialista em Medicina Fetal Jurandir Piassi, do Lavoisier
Medicina Diagnóstica, em São Paulo.
Melhor alimento para o
intestino
A
pediatra Ana Gabriela Pavanelli Roperto, do Complexo Hospitalar Edmundo
Vasconcelos, em São Paulo explica que o leite humano contém enzimas já
conhecidas pelo organismo da criança. "Os componentes do leite de vaca ou
leites artificiais são estranhos para o bebê e, por isso, podem causar alergias
intestinais e deficiência de ferro", diz. "Crianças que mamam no
peito podem inclusive ficar até oito dias sem evacuar, justamente porque todos
os componentes do leite materno são aproveitamos pelo organismo, não havendo
necessidade de evacuação."
Diminui o risco de
alergias
Um
estudo publicado no European
Respiratory Journal revelou
que bebês alimentados exclusivamente com leite materno nos primeiros menos seis
meses têm menos chances de desenvolver sintomas de asma na infância, como chiados no
peito e catarro persistente. Outra pesquisa, desenvolvida pela Universidade de
Southampton, na Inglaterra e pelas Universidades do Estado de Michigan e
Carolina do Sul, nos Estados Unidos, descobriu que crianças que foram
amamentadas por pelo menos quatro meses tinham um funcionamento melhor dos
pulmões.
O esforço do bebê para sugar o leite ajuda no desenvolvimento dos pulmões,
fortalecendo o órgão contra alergias. "Outros estudos mostram que as alergias começam no primeiro
ano de vida, e quase sempre estão associadas à proteína do leite de vaca",
diz a pediatra Natasha. 'O leite de vaca está associado a irritações no
organismo no bebê, podendo levar ao surgimento de dermatite, rinite, sinusite,bronquite asmática e amigdalite."
Evita cólicas
A
grande razão para o leite materno prevenir cólicas
no bebê são as proteínas
presentes em sua composição. Sylvio Monteiro de Barros explica que existem dois
tipos de proteínas: as de difícil digestão (caseínas), e as de fácil digestão
(globulinas). "O leite de vaca tem muito mais proteínas do que o leite
materno, porém a proteína que o leite de vaca tem é basicamente caseína, e o
leite humano é constituído de globulinas", diz o pediatra. Por conter esse
tipo de proteína, o leite materno não fermenta tanto para ser digerido,
produzindo menos gases e evitando as cólicas. "Outro fator para cólicas é
a ingestão de ar pelo bebê, que é muito maior com a mamadeira do que no
peito."
Previne doenças futuras
Ao usar
a mamadeira para alimentar seu filho, você está retirando a primeira parte da
digestão do alimento, que fica na boca. "A mamadeira faz com que o leite
vá direto para a garganta do bebê, comprometendo tanto o processo digestivo
quanto de saciedade", diz o pediatra Sylvio. Isso fará com que a criança
coma mais do que o necessário e ela tenha predisposição ao acúmulo de gordura.
Segundo o especialista, mesmo o leite materno, quando oferecido na mamadeira,
pode favorecer esses problemas.
Além disso, a quantidade de sódio, potássio, magnésio e proteínas presente nos
outros leites é maior que no leite da mãe, fator que pode sobrecarregar o
sistema da criança, causando alterações no processo de digestão e favorecendo o
surgimento de doenças no futuro, como síndrome
metabólica, obesidade,diabetes, hipertensão e doença celíaca.
Combate à anemia
O leite
materno possui muito mais de ferro e concentrações menores de cálcio, quando
comparado ao leite de vaca. "O ferro presente nos outros leites não é
suficiente para o bebê, sendo necessária a suplementação", diz o obstetra
Jurandir Piassi, especialista em Medicina Fetal do Lavoisier Medicina
Diagnóstica. "Já o cálcio em abundância nos outros leites pode inibir a
absorção de ferro, diminuindo ainda mais a presença desse nutriente no
organismo do bebê e favorecendo a anemia ferropriva", completa.
A pediatra Ana Gabriela declara que a presença de ferro no leite da mãe diminui
com o tempo por um processo natural, como se o leite materno preparasse o bebê
para a alimentação. A partir dos seis meses, é preciso introduzir alimentos
ricos em ferro, como as carnes, na dieta da criança. "Como o bebê ainda
não consegue mastigar direito, o melhor a fazer é colocar a carne na sopa e
servir apenas o caldo, que possui os nutrientes da carne diluídos no
cozimento."
Ajuda no desenvolvimento
cognitivo
Um
estudo feito com 12 mil bebês e publicado no The
Journal of Pediatrics revelou
que crianças amamentadas desenvolvem mais rapidamente o cérebro, apresentando
melhor desempenho de vocabulário e raciocínio. A análise foi liderada por
cientistas do Institute
for Social and Economic Research at the Universityof Essex, na
Inglaterra. O pediatra Sylvio conta que a gordura presente no leite materno é
constituída por ácidos graxos poli-insaturados, responsáveis por formar os
neurônios da criança e favorecer as sinapses nervosas. "O desenvolvimento
de cerca de 80% do cérebro acontece nos primeiros dois anos de vida, por isso a
importância dessa gordura no leite da mãe", diz. O especialista reforça a
importância da alimentação da mãe para que a criança consiga todos esses nutrientes:
"Se a mãe tiver uma dieta rica em peixes de água fria, como salmão e
cavalinha, a criança irá obter mais gorduras por meio da amamentação e isso irá
facilitar seu desenvolvimento cognitivo."
Desenvolve a arcada
dentária
O
movimento de amamentação é excelente para a dentição e para a fala do bebê. 'Há
estímulo para o desenvolvimento dos ossos do crânio e da face, fazendo com que
os dentes se encaixem de forma adequada", diz a fonoaudióloga Andrea Motta,
da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. "Amamentar também promove
estímulos favoráveis ao desenvolvimento da musculatura da boca e da face, o que
futuramente irá refletir na respiração, fala, mastigação e deglutição."
Ajuda no crescimento de
prematuros
Os
bancos de leite existentes hoje no Brasil são basicamente para o
desenvolvimento de bebês
prematuros. "Quanto mais prematuro é o bebê, mais imaturo é o seu
sistema digestivo e maior a probabilidade de desenvolver alergias", diz
pediatra Natasha. "Além disso, o prematuro precisa dos nutrientes do leite
materno para desenvolver melhor todos os seus sistemas, mais imaturos do que
deveriam."
Fonte: Carolina Serpejante - Minha vida.com.br